O que a série sobre Charlie Sheen nos diz sobre alcoolismo – 13/10/2025 – Vida de Alcoólatra

Assistir à série sobre a vida de Charlie Sheen é como presenciar, de forma crua e sem filtros, o colapso público e pessoal de uma figura carismática que por muito tempo habitou o imaginário coletivo como símbolo de sucesso. Nos dois episódios que compõem “aka Charlie Sheen”, somos conduzidos por uma narrativa densa, na qual o vício é quase um personagem coadjuvante e decisivo na trajetória do ator. Ver esse material em meio a um apagão na minha casa potencializou ainda mais a sensação de imersão.

Foi minha irmã quem sugeriu que eu o visse: “Ele fala algo que você já me disse algumas vezes”. E, de fato, há um momento decisivo em que Charlie Sheen, após percorrer uma trajetória marcada por todo tipo de entorpecente, diz que, entre todas as drogas, o álcool é a pior. É curioso pensar nisso, justamente porque o álcool, ao contrário de tantas outras substâncias ilícitas, é socialmente aceito, vendido livremente, promovido em festas, eventos e reuniões familiares. Afinal, “é só uma bebidinha”. Mas, como mostra Sheen, ele tem o poder de corroer silenciosamente tudo o que está ao redor: relações, carreira, saúde.

É esse aspecto traiçoeiro que faz do álcool, para muitos, a mais traiçoeira das drogas. Ela não chega com o estigma de uma seringa ou de um pó branco; ela nos é apresentada em copos bonitos, acompanhada de risadas, brindes e celebrações. No entanto, para quem cruza a linha do uso social e mergulha no consumo abusivo, a queda pode ser tão devastadora quanto qualquer outra dependência química.

Há momentos surreais, como quando ele pilota um avião. Embriagado por muitas coisas, ele parece se ver como alguém no controle, um super-homem com poderes.

O carisma de Charlie Sheen nunca esteve em dúvida —era essa aura sedutora que lhe abria portas, oferecia contratos milionários, fazia dele um ídolo. Mas mesmo o mais habilidoso dos seres humanos pode perder o controle quando ignora os sinais de alerta. E quando isso acontece, às vezes pode ser tarde demais. Nesse caso, felizmente não foi.

Ao longo dos episódios, o que mais impressiona é a quantidade de substâncias usadas e as atrocidades feitas, todas filmadas em super 8, quando criança, e em máquinas, já mais adulto. Há o relato de amigos, ex-esposas e até dos filhos. Sean Penn aparece ao longo de todo o documentário, que intercala depoimentos, imagens de loucura e insanidade. O próprio Sheen, já sóbrio há oito anos, comenta os fatos.

Assistir a essa série com o coração aberto é reconhecer que o vício não escolhe vítimas com base em classe, talento ou carisma. Ele se instala onde houver espaço e, muitas vezes, cresce no silêncio das permissividades sociais. A fala de Sheen, quando diz que o álcool é a pior de todas as drogas, traz um peso especial justamente por vir de alguém que já experimentou todas as outras. Seu testemunho carrega a autoridade de quem viveu o inferno, mas sobreviveu.

E, ao escutá-lo, algo ressoa profundamente em quem já observou, de perto ou de longe, os efeitos devastadores do álcool. A “bebidinha” despretensiosa pode ser o início de um caminho perigoso, e, como mostra a história de Charlie Sheen, nem mesmo o brilho de Hollywood é capaz de esconder o perigo do vício.


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Autoria: FLSP

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