Maconha ajuda a dormir? Veja o que dizem os especialistas – 25/10/2025 – Equilíbrio

Da camomila ao lúpulo, as pessoas há muito experimentam produtos naturais para dormir melhor. Agora que a maconha é legal em muitos estados dos EUA para uso medicinal ou recreativo, isso pode significar que mais pessoas a estão usando para esse fim. Cerca de 18% dos americanos com idade entre 19 e 30 anos dizem usar maconha para dormir, mostra um estudo recente.

Existem alguns componentes da Cannabis “que parecem ser úteis para algumas pessoas em relação ao sono“, afirma Staci Gruber, diretora do Programa de Investigações de Maconha para Descoberta Neurocientífica do Hospital McLean e professora associada de psiquiatria na Escola de Medicina de Harvard.

A Cannabis contém dezenas de compostos como o canabidiol (CBD), que não causa o “barato” tipicamente associado à maconha, e o tetra-hidrocanabinol (THC), que tem efeitos alteradores do humor e da mente. Produtos que contêm principalmente CBD, junto a baixas níveis de THC, podem ajudar algumas pessoas a adormecer mais rapidamente e permanecer dormindo por mais tempo, diz Gruber.

A pesquisa sobre maconha e sono permanece um tanto inconclusiva, em parte porque cepas, potência, frequência e duração do uso, bem como a saúde subjacente dos participantes, variaram de estudo para estudo, tornando difícil tirar conclusões claras.

Alguns estudos sugeriram que a Cannabis promove um sono melhor em pessoas com problemas de ansiedade ou dor crônica, por exemplo. Mas pode ser que os participantes dormissem melhor porque aliviou seus sintomas, dizem alguns especialistas.

Os pesquisadores começaram a considerar o uso de maconha para tratar problemas do sono apenas mais recentemente. Pacientes que usaram CBD dormiram melhor do que aqueles que receberam um placebo, de acordo com um ensaio clínico randomizado de 2024.

A adição de canabinol (CBN) e canabicromeno (CBC) —dois outros compostos livres de THC—, no entanto, não teve efeitos notáveis, embora o CBN tenha se mostrado promissor como auxiliar do sono em outras pesquisas.

Outro pequeno ensaio descobriu que participantes que colocaram óleo de canabidiol sob a língua cerca de uma hora antes de dormir tiveram um sono melhor após duas semanas de uso, mas os resultados foram semelhantes aos do placebo.

Adicionar baixas doses de THC ao CBD pode ajudar. Em um ensaio de 2021, participantes que receberam uma formulação de extrato contendo CBD, CBN e THC tiveram uma melhora nos sintomas de insônia, reduzindo as pontuações no Índice de Gravidade da Insônia em uma média de 5 pontos na comparação com o placebo.

Todos esses ensaios clínicos receberam financiamento de empresas de Cannabis.

Embora pequenas quantidades de THC possam ajudar algumas pessoas a se sentirem sonolentas, quantidades maiores de THC, que são frequentemente encontradas em produtos usados para fins recreativos, podem causar estado de alerta, ansiedade e distúrbios do sono, afirma Gruber.

Além disso, o uso de quantidades maiores de THC ao longo de semanas ou meses pode começar a interferir no sono, potencialmente à medida que o cérebro começa a se habituar aos efeitos sedativos, disse Deirdre Conroy, diretora clínica do Programa de Medicina do Sono Comportamental da Michigan Medicine.

“Você começa a precisar de um tempo um pouco mais longo para adormecer e os estágios do sono mudam em distribuição quanto mais alguém usa e quanto mais regular é o uso”, disse ela.

A forma de uso também é importante, segundo os especialistas. Embora a maconha fumada ou vaporizada possa agir em minutos e ajudar algumas pessoas a adormecer mais rapidamente, esse efeito se perde mais cedo, o que pode fazer com que a pessoa não permaneça dormindo. Além disso, fumar ou vaporizar tem suas consequências para os pulmões.

Óleos e soluções colocados sob a língua são absorvidos pela mucosa e atingem a corrente sanguínea rapidamente. Cápsulas, bem como bebidas e comestíveis, incluindo gomas, demoram mais para fazer efeito porque devem ser digeridos e metabolizados pelo fígado, mas têm efeitos mais duradouros.

Adolescentes, grávidas e lactantes e pessoas com histórico de psicose ou doença psiquiátrica grave, bem como pacientes com doença cardiovascular, doença hepática ou apneia do sono não tratada devem evitar Cannabis ou usá-la apenas sob a orientação de um profissional de saúde, disse Robert Welch, diretor do Centro Nacional de Pesquisa e Educação sobre Cannabis e professor associado de pesquisa no Instituto de Pesquisa para Ciências Farmacêuticas da Universidade do Mississippi.

O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, da mesma forma, também recomenda que grávidas e lactantes evitem consumir maconha.

Certos canabinoides também podem interagir negativamente com alguns medicamentos, particularmente alguns inibidores seletivos da recaptação de serotonina, medicamentos contra ansiedade como benzodiazepínicos e auxiliares do sono, acrescentou Welch.

Dado o aumento do acesso e a diminuição do estigma, Gruber diz acreditar que mais pessoas se voltarão para estratégias terapêuticas alternativas, como a Cannabis, para tentar aliviar problemas de sono.

“É incrivelmente importante que as pessoas estejam tão bem informadas e educadas quanto possível para tomar as melhores decisões”, disse. “Não é tudo sobre o THC. Existem maneiras de aproveitar seu próprio sistema endocanabinoide usando alguns desses canabinoides não intoxicantes para obter algum benefício, se não muito, pelo menos para algumas pessoas.”

Autoria: FLSP

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